domingo, 19 de outubro de 2008

Enquanto isso no Brasil (Parte III)

Cada país pelo mundo todo tomou medidas diferentes para tentar amenizar os efeitos da crise norte-americana. Cada um se adequou as suas necessidades já que não há uma fórmula especial. No Brasil houve uma intervenção do estado e do Banco Central para ajudar o mercado interno.



Em 19 de setembro, o Banco Central anunciou os primeiros leilões de dólares, o que não acontecia desde 2003. Esta ação foi tomada após a cotação do dólar atingir R$ 1,962. O Banco Central alegou que estes leilões seriam temporários.



Diante do quadro de restrições de recursos externos, o Banco Central tomou duas medidas para aumentar a liquidez no sistema financeiro nacional. A primeira delas adia o cronograma de implementação de compulsórios sobre depósitos interfinanceiros de leasing. A segunda medida triplica de R$ 100 milhões para R$ 300 milhões o valor a ser deduzido pelas instituições financeiras sobre os depósitos a prazo, à vista e da poupança.



Em primeiro de outubro, o Banco Central anunciou que bancos que adiquirirem carteiras de crédito de outras instituições terão redução do depósito compulsório. A medida pode liberar até R$ 23,5 bilhões para o mercado. Na mesma data, o Governo anunciou que vai antecipar R$ 5 bilhões para as linhas de crédito à agricultura.



No dia 6 de outubro, o Banco Central decidiu comprar títulos de bancos no exterior. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciou que o governo vai oferecer uma linha adicional, em dólar, no exterior com o uso das reservas internacionais. O objetivo é oferecer crédito para o comércio exterior.



O governo anunciou também que vai reforçar em R$ 5 bilhões as linhas do BNDES de financiamento de pré-embarque de mercadorias de comércio exterior. Esse dinheiro virá de recursos que foram transferidos do Tesouro Nacional, a título de capitalização, para o BNDES, no valor de R$ 15 bilhões.



Uma Medida Provisória foi editada pelo governo neste mês para dar mais poderes ao Banco Central para combater os efeitos da crise no Brasil, no dia em que o nervosismo tomou conta do mercado financeiro a ponto de os empréstimos ficarem paralisados. A principal medida é a autorização para que o Banco Central compre carteiras de crédito de instituições financeiras em dificuldades, por meio de uma linha de empréstimo já existente chamada redesconto. A Medida Provisória foi aprovada pelo CMN em reunião extraordinária.



Além disso, o Banco Central foi autorizado a conceder empréstimos em moeda estrangeira. Finalmente, as empresas de arrendamento mercantil foram autorizadas a emitir letras. Atualmente, elas se financiam com debêntures, um papel de operação mais complexa.



Em 8 de outubro, o Banco Central anunciou a flexibilização do recolhimento de depósitos compulsórios, o que deve promover uma injeção de recursos no mercado de R$ 23,2 bilhões. A primeira medida aumenta da R$ 300 milhões para R$ 700 milhões a dedução prevista para o recolhimento compulsório de depósitos a prazo feito por meio de títulos públicos (aplicações). A segunda medida reduz de 8% para 5% o recolhimento adicional de compulsórias sobre os depósitos à vista e a prazo feitos em espécie remunerados pela taxa básica de juros (Selic).



No dia 13, a autoridade monetária anunciou sua sexta medida, a pré-disponibilização de recursos referentes a alguns depósitos compulsórios. A nova medida atinge os depósitos a prazo (alíquota de 15%) e interfinanceiros de empresas de arrendamento mercantil (alíquota de 15%) e também libera recursos recolhidos como exigibilidade adicional sobre depósitos à vista e a prazo (alíquotas de 5%). Segundo a autoridade monetária, a decisão libera até R$ 100 bilhões.

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